P.O.V. 3ª Pessoa
"Você deve estar brincando comigo!" disse o porteiro, dobrando seus braços em torno de seu enorme peito. Ele olhou para o garoto numa jaqueta vermelha de zíper e esfregou sua cabeça raspada.
"Você não pode trazer isso pra cá."
Os cinquenta ou mais adolescentes na fila do lado de fora do Clube Pandemonium se inclinaram em direção para escutar. Era uma longa espera para entrar no clube de todas as idades, especialmente em um domingo, e não muito geralmente acontecia em fila. Os porteiros eram ferozes e iam para cima instantaneamente de qualquer um que parecia que iria começar uma encrenca. (Seu Nome) Fray, de 15 anos, estava em pé com o seu melhor amigo, Simon, inclinado em direção junto como todo mundo, esperando por alguma coisa excitante.
"Ah, vamos lá!" O garoto elevou a coisa acima de sua cabeça. Era parecido com uma trave de madeira, apontada no fim. "Isso é parte da minha fantasia."
O porteiro levantou uma sobrancelha: "Qual é?"
O garoto sorriu. Ele parecia suficientemente normal... (Seu Nome) pensou, ... para o Pandemonium. Ele tinha cabelo pintado num azul elétrico, preso ao redor de sua cabeça como os tentáculos saindo de um polvo, sem nenhuma elaborada tatuagem facial ou grandes barras de metal atravessando suas orelhas ou lábios.
"Eu sou um caçador de vampiros." Ele empurrou para baixo sua coisa de madeira. Aquilo flexionou tão facilmente quanto uma haste de grama curvando nos lados. "É falso. Espuma de borracha. Tá vendo?"
Os enormes olhos do menino estavam muito brilhantes com o verde. (Seu Nome) notou: uma cor anticongelante, grama de primavera. Lentes de contato coloridas, provavelmente. O porteiro encolheu os ombros, abruptamente entediado. "Tanto faz, entre."
O menino deslizou passando por ele, rápido quanto uma enguia. (Seu Nome) gostou do ritmo dos seus ombros, o jeito como ele arremessou seus cabelos enquanto ele entrava. Havia uma palavra para ele que sua mãe teria usado - negligente.
"Você pensou que ele era uma graça..." Simon disse, soando resignado. "Não pensou?"
(Seu Nome) empurrou seu cotovelo nas costelas dele, mas não respondeu.
[......]
Lá dentro, o clube estava cheio de fumaça de gelo seco. Luzes coloridas tocavam a pista de dança, tornando ela um multicolorido reino folclórico com azuis e verdes ácidos, quentes rosas e dourados.
O garoto de jaqueta vermelha movimentou a longa espada afiada como uma lâmina em suas mãos, um despreocupado sorriso brincando em seus lábios. Aquilo havia sido tão fácil - um pouquinho de glamour (glamour: substância usada na história para impedir que os humanos enxerguem qualquer coisa/pessoa) na sua lâmina, para torná-la inofensiva. Outro glamour em seus olhos, e no momento que o porteiro olhou direto para ele, ele estava dentro. É claro, ele podia provavelmente ter entrado sem todo aquele problema, mas essa era a parte engraçada - enganar os mundanos (humanos), fazendo tudo em aberto bem na frente deles, saindo em seus olhares brancos em suas caras de ovelhas. Não que os humanos não tinham em seus costumes.
O garoto de olhos verdes escaneou a pista de dança, onde fracos membros cobertos em pedaços de seda e couro preto apareciam e desapareciam dentro das envolventes colunas de fumaça onde os mundanos dançavam. Garotas jogavam seus cabelos, garotos balançavam seus quadris cobertos por couro e a pele desnuda brilhando com suor. Apenas vitalidade se derramava deles, ondas de energia daquilo, o preenchiam como um bêbado entorpecido. Seus lábios se curvaram. Eles não sabiam o quanto eles tinham sorte. Eles não sabiam que aquilo era como suprir vida em um mundo morto, onde o sol pairava sem energia no céu como uma brasa queimada. Suas vidas se consumiam brilhantemente como velas em chamas - e eram tão fáceis de se extinguir.
Sua mão apertou na lâmina que ele carregava, e ele começou a andar para dentro da pista de dança quando uma garota barrou seu caminho na massa de dançarinos e começou a andar em direção a ele. Ele encarou ela. Ela era bonita, para uma humana de cabelo comprido proximamente da cor de tinta marrom, olhos desenhados a lápis. Um longo vestido branco, do tipo que as mulheres costumavam usar quando este mundo era jovem. Mangas rendadas tocavam ao redor de seus braços esbeltos. Ao redor de seu pescoço estava uma grossa corrente de prata, o que segurava um pingente vermelho escuro do tamanho de um punho de um bebê. Sua boca começou a se encher de água quando ela se aproximou dele. Energia vital pulsava dela como sangue numa ferida aberta. Ela sorriu, passando por ele, acenando com seus olhos. Ele se virou para segui-la, sentindo o chiar do fantasma da morte dela em seus lábios. Aquilo era sempre fácil. Ele já podia sentir o poder da sua evaporante vida correndo através de suas veias como fogo. Humanos eram tão estúpidos. Eles tinham algo tão precioso, e eles meramente o protegiam. Eles jogavam fora sua vida por dinheiro, por pacotes de pó, por um estranho com um sorriso encantador.
A garota era um fantasma pálido recuando através da fumaça colorida. Ela atingiu o muro e virou, juntando sua saia em suas mãos, levantando-a como se ela sorrisse pra ele. Debaixo da saia, ela estava usando botas de cano longo.
Ele se juntou a ela, a pele dela se arrepiou com sua proximidade. De perto, ela não era tão perfeita: Ele podia ver o rímel sobre os olhos dela, o suor grudando em seu cabelo na nuca. Ele podia sentir o cheiro da mortalidade dela, o doce da corrupção.
Te peguei, ele pensou.
Um sorriso frio curvou seus lábios. Ela se moveu para o lado, e ele podia ver que ela estava se inclinando contra uma porta fechada, NÃO ENTRE - DEPÓSITO estava escrito em tinta vermelha. Ela alcançou atrás dela a maçaneta, virando-a, escorregando para dentro. Ele pegou um vislumbre de caixas empilhadas, a fiação emaranhada. Uma sala de depósito. Ele olhou atrás dele, ninguém estava olhando. Era muito melhor se ela queria privacidade.
Ele escorregou para a sala depois dela, desconhecendo que ele estava sendo seguido.
***
"Então..." Simon disse, "...música muito boa, hein?"
(Seu Nome) não respondeu. Eles estavam dançando, ou passando por isso, um monte de remexidas para frente e para trás com ocasionais balanços em direção ao chão, como se um deles tivesse derrubado uma lente de contato - em um espaço entre um grupo de garotos adolescentes em espartilhos metálicos, e um jovem casal asiático que estavam se agarrando cheios de paixão, seus extensos cabelos coloridos emaranhados juntos como uma trepadeira. Um garoto com um piercing no lábio e uma mochila de Teddy o urso, estava segurando livre tabletes de erva de ecstasy, suas calças de paraquedista se agitando na brisa vinda da máquina de ventos. (Seu Nome) não estava prestando muita atenção no seu ambiente imediato - seus olhos estavam no garoto do cabelo azul que tinha falado sobre ele na entrada do clube. Ele estava rondando através da multidão como se ele estivesse procurando por alguma coisa. Tinha alguma coisa sobre o jeito que ele se movia que lembrava ela de algo...
"Eu, por um lado," Simon começou, "estou aproveitando imensamente."
Isso parecia improvável. Simon, como sempre, ficava preso fora do clube como uma ferida no polegar, em seus jeans e na velha camiseta onde se dizia Made In Brooklin em toda a frente. Seus cabelos recentemente lavados eram castanhos escuros ao contrário de verde ou rosa, e seus óculos ficavam curvadamente empoleirados no fim de seu nariz. Ele parecia menos como se ele estivesse contemplando os poderes das trevas e mais como se ele estivesse a caminho do clube de xadrez.
"Mmmm-hmmm." (Seu Nome) sabia perfeitamente bem que ele vinha para o Pandemonium com ela só porque ela gostava disso, e que ele achava que era chato. Ela não tinha certeza do porquê daquilo era o que ela gostava - as roupas, a música faziam aquilo como um sonho, a vida de outra pessoa, não sua real vida chata de jeito nenhum. Mas ela era tão tímida para falar com alguém além de Simon.
O garoto de cabelo azul estava fazendo seu caminho fora da pista de dança. Ele parecia um pouco perdido, como se ele não tivesse encontrado quem ele estava procurando. (Seu Nome) se perguntou o que poderia acontecer se ela aparecesse e se apresentasse oferecendo mostrar a ele ao redor. Talvez ele apenas olhasse para ela. Ou talvez ele fosse tímido também. Talvez ele se sentiria grato e contente, e tentasse não demonstrar isso, o jeito como os garotos faziam - mas ela saberia. Talvez...
O garoto de cabelo azul se endireitou de repente, virando sua atenção, como um cão de caça no alvo. (Seu Nome) seguiu a linha do seu olhar, e viu a garota no vestido branco.
Oh, bem. (Seu Nome) pensou, tentando não se sentir como um murcho balão de festa. Acho que é isso. A garota era linda, o tipo de garota que gostaria de ser - alta e esbelta - com um longo cabelo castanho escorrido. Mesmo daquela distância, (Seu Nome) podia ver o pingente vermelho ao redor do pescoço dela. Aquilo pulsava embaixo das luzes da pista de dança como um coração separado, fora do corpo.
"Eu acho," Simon continuou, "que nesta noite o DJ Bat está fazendo um trabalho singularmente excepcional. Você não concorda?"
(Seu Nome) rolou os olhos e não respondeu, Simon odiava música eletrônica. Sua atenção estava na garota do vestido branco. Através da escuridão, fumaça, e neblina artificial, seu pálido vestido brilhava como um farol. Não era à toa que o garoto de cabelo azul estava seguindo ela como se ele estivesse sob um feitiço, tão distraído que não notava nada ao redor dele. Mesmo as duas rígidas formas escuras em seus calcanhares, avançando depois dele através da multidão.
(Seu Nome) diminuiu sua dança e olhou. Ela podia apenas ver que aquelas duas formas eram garotos, altos e vestindo roupas pretas. Ela não podia dizer como ela sabia que eles estavam seguindo o outro garoto, mas ela sabia. Ela podia ver o caminho que eles traçavam por ele, sua cuidadosa vigilância, a furtiva graça de seus movimentos. Uma pequena flor de apreensão começou a crescer em seu peito.
"Entretanto," Simon acrescentou, "eu queria te dizer que ultimamente tenho me travestindo. Também, eu estou dormindo com sua mãe. Eu achei que você deveria saber."
A garota tinha chegado a parede, e estava abrindo a porta escrita NÃO ENTRE. Ela acenou para o rapaz de cabelo azul atrás dela, e eles deslizaram pela porta. Isso não era nada que (Seu Nome) já não tenha visto antes, um casal escapando para os cantos escuros do clube para transar - mas o que fazia aquilo estranho era que eles estavam sendo seguidos. Ela se levantou a si mesma nas pontas dos pés, tentando ver através da multidão. Os dois caras tinham parado na porta e pareciam estar deliberando um com o outro. Um deles era loiro, o outro tinha cabelo escuro. O loiro encontrou alguma coisa em sua jaqueta e puxou a coisa longa e afiada que reluziu embaixo das fortes luzes. Uma faca.
"Simon!" (Seu Nome) gritou, e prendeu seu braço.
"O que?" Simon olhou alarmado. "Eu realmente não estou dormindo com a sua mãe, você sabe. Eu estava apenas tentando chamar sua atenção. Não que a sua mãe não seja uma mulher muito atraente, para a idade dela."
"Você está vendo aqueles caras?" Ela apontou selvagemente, quase acertando uma curvilínea garota negra que estava dançando mais próximo. A garota encarou ela com um olhar maldoso.
"Desculpe, desculpe!" (Seu Nome) virou-se de volta a Simon.
"Você não está vendo aqueles dois caras, lá? Na porta?"
Simon deu uma olhada, então balançou os ombros. "Eu não estou vendo nada."
"Há dois deles. Eles estavam seguindo o cara com o cabelo azul..."
"Aquele que você achou que era fofo?"
"Sim, mas esse não é o ponto. O loiro puxou uma faca."
"Você tem certeza?" Simon olhou mais apurado, balançando sua cabeça. "Eu ainda não vejo ninguém."
"Eu tenho certeza."
De repente todo negócios, Simon endireitou seus ombros. "Eu vou chamar um dos guardas da segurança. Você fica aqui." Ele avançou pelo caminho, se empurrando através da multidão.
(Seu Nome) se voltou no momento em que via o garoto loiro entrar pela porta de NÃO ENTRE, seu amigo perto de seus calcanhares. Ela olhou ao redor; Simon ainda estava tentando empurrar seu caminho através da pista de dança, mas ele não estava fazendo muito progresso. Mesmo se ela gritasse agora, ninguém iria ouvi-la, e até que Simon voltasse, algo terrível poderia já ter acontecido. Mordendo forte seu lábio de baixo. (Seu Nome) começou a se movimentar através das pessoas.
***
"Qual é o seu nome?"
Ela se virou e sorriu. Tinha uma suave luz que estava na sala de depósito se derramando através das altas janelas manchadas com sujeira; pilhas de cabos elétricos, ao longo com pedaços de bolas de discoteca quebradas e latas de tinta descartadas em desordem no chão.
"Caitlin."
"Esse é um nome legal." Ele andou em direção a ela, passando cuidadosamente entre os fios, no caso de algum deles estar ligado. Na tênue luz ela pareceu meio transparente, branqueada de cor, envolvida em branco como um anjo. Seria um prazer fazer ela cair... "Eu não te vi por aqui antes."
"Você está me perguntando se eu venho aqui com frequência." Ela sorriu, cobrindo seu sorriso com sua mão. Havia uma espécie de pulseira em torno de seu pulso, logo abaixo da manga do vestido dela, então, quando ele se aproximou dela, ele viu que não era uma pulseira, mas um padrão de pintura na sua pele, uma matriz de linhas espiraladas.
Ele congelou. "Você..."
Ele não terminou. Ela se moveu com uma rapidez relâmpago, atingindo-o com sua mão aberta, um golpe em seu peito que teria levado ele ao chão arfando, se ele fosse um humano. Ele cambaleou para trás, e agora tinha alguma coisa em sua mão, um chicote enrolado que brilhava dourado, que ela jogou para baixo, curvando sobre seus tornozelos, vibrando ele em seus pés. Ele acertou o chão, encurvando, o odioso metal mordendo profundo dentro de sua pele. Ela ria, parada acima dele, e tontamente ele pensou que ele deveria ter adivinhado. Nenhuma garota humana usaria um vestido como aquele que Caitlin usava. Ela o usaria para cobrir sua pele - toda a sua pele.
Caitlin sacudiu com força o seu chicote, segurando-o. Seu sorriso brilhava como água envenenada. "Ele é todo seus, garotos."
Uma risada baixa soou atrás dele, e agora suas mãos estavam nele levantando-o para cima e o arremessando contra os pilares de concreto. Ele podia sentir a úmida pedra contra suas costas. Suas mãos foram puxadas para atrás dele, seus pulsos presos com fio. Quando ele lutou, alguém andou em volta do pilar para dentro de seu campo de visão: um garoto, tão jovem quanto Caitlin e também muito bonito. Seus olhos cor de mel brilhavam como fichas de âmbar.
"Então..." o garoto disse. "Existe mais alguma coisa com você."
O garoto de cabelo azul podia sentir o sangue brotando debaixo do apertado metálico, fazendo seus pulsos escorregadios.
"Que outra coisa?"
"Agora vamos lá." O garoto de olhos cor de mel segurou suas mãos, e suas mangas escuras escorregaram para baixo, mostrando as runas (marcas mágicas) pintadas sob seus pulsos, as costas das suas mãos, suas palmas. "Você sabe o que eu sou."
Lá no fundo dentro de seu crânio, a mandíbula do garoto algemado começou a ranger.
"Caçador de Sombras." ele assobiou.
O outro rapaz abriu um sorriso sobre todo o seu rosto. "Te peguei!" ele disse.
Caitlin sacudiu com força o seu chicote, segurando-o. Seu sorriso brilhava como água envenenada. "Ele é todo seus, garotos."
Uma risada baixa soou atrás dele, e agora suas mãos estavam nele levantando-o para cima e o arremessando contra os pilares de concreto. Ele podia sentir a úmida pedra contra suas costas. Suas mãos foram puxadas para atrás dele, seus pulsos presos com fio. Quando ele lutou, alguém andou em volta do pilar para dentro de seu campo de visão: um garoto, tão jovem quanto Caitlin e também muito bonito. Seus olhos cor de mel brilhavam como fichas de âmbar.
"Então..." o garoto disse. "Existe mais alguma coisa com você."
O garoto de cabelo azul podia sentir o sangue brotando debaixo do apertado metálico, fazendo seus pulsos escorregadios.
"Que outra coisa?"
"Agora vamos lá." O garoto de olhos cor de mel segurou suas mãos, e suas mangas escuras escorregaram para baixo, mostrando as runas (marcas mágicas) pintadas sob seus pulsos, as costas das suas mãos, suas palmas. "Você sabe o que eu sou."
Lá no fundo dentro de seu crânio, a mandíbula do garoto algemado começou a ranger.
"Caçador de Sombras." ele assobiou.
O outro rapaz abriu um sorriso sobre todo o seu rosto. "Te peguei!" ele disse.
***
(Seu Nome) empurrou a porta da sala do depósito aberta, e andou para dentro. Por um momento ela pensou que estava deserta. As únicas janelas estavam no alto e trancadas; um ruído indistinto vinha através delas, o som de buzinas de carros e freios guinchando. A sala cheirava como tinta velha, e uma pesada camada de poeira cobria o chão, marcado por manchas de impressões de sapatos.
Não tem ninguém aqui, ela percebeu olhando ao redor desnorteada. Estava frio naquela sala, apesar do calor de agosto lá fora. Suas costas estavam geladas com o suor. Ela deu um passo para frente, emaranhando seus pés nos cabos elétricos. Ela se curvou para baixo para libertar seus tênis dos cabos - e ouviu vozes. Uma risada de garota, um rapaz respondendo aguçadamente. Então ela foi direto pra cima, quando ela os viu.
Era como se eles tivessem sustentado suas existências entre um piscar de olhos dela para o outro. Ali estava a garota com seu longo vestido branco, seus cabelos castanhos caindo em suas costas como úmida alga marinha. Dois garotos estavam com ela - um alto com o cabelo preto como o dela, e um menor, belo, cujo cabelo lampejava como ouro na fraca luz que vinha através da janela acima. O garoto bonito estava parado com suas mãos em seus bolsos, enfrentando o garoto punk, que estava amarrado ao pilar com o que parecia um fio de piano, as mãos esticadas atrás dele, as pernas presas nos tornozelos. Seu rosto estava repuxado com dor e medo. Com o coração martelando no seu peito, (Seu Nome) se escondeu atrás do pilar de concreto mais próximo e espiou em torno dele. Ela assistiu o garoto loiro andando para frente e para trás, seus braços agora cruzados sobre o seu peito.
"Então..." ele disse. "Você ainda não me disse se aqui tem outro de sua espécie com você."
Sua espécie? (Seu Nome) se perguntou do que ele estava falando. Talvez ela tenha tropeçado dentro de algum tipo de guerra de gangues.
"Eu não sei do que você está falando." O tom do garoto de cabelo azul era doloroso, mas mal-humorado.
"Ele quer dizer outros demônios..." disse o garoto de cabelo escuro, falando pela primeira vez. "Você sabe o que é um demônio, não sabe?"
O garoto amarrado no pilar virou seu rosto para longe, sua boca trabalhando.
"Demônios..." desenhou o garoto loiro, tropeçando a palavra no ar com seu dedo. "Religiosamente definidos como habitantes do inferno, os servos de Satanás, mas entendido aqui, para os propósitos da Clave, por ser espírito malévolo cuja origem está fora de nosso própria casa dimensão..."
"Já chega, Justin!" a garota disse.
"Caitlin está certa." disse o garoto mais alto. "Ninguém aqui precisa de uma lição de semântica ou de demôniologia."
Eles são loucos, (Seu Nome) pensou. Realmente loucos!
Justin levantou sua cabeça e sorriu. Havia alguma coisa de selvagem sobre aquele gesto, algo que lembrava (Seu Nome) nos documentários que ela havia assistido sobre leões no Discovery Channel, o modo como aqueles grandes gatos levantavam suas cabeças e cheiravam o ar pela presa.
"Caitlin e Alec pensam que eu falo muito..." ele disse, confidentemente. "Você acha que eu falo muito também?"
O garoto de cabelo azul não respondeu. Sua boca ainda estava trabalhando. "Eu posso dar a você uma informação..." ele disse. "Eu sei onde Valentim está."
Justin olhou de volta para Alec, que encolheu os ombros.
"Valentim está enterrado." Justin disse. "Essa coisa está apenas brincando com a gente!"
Caitlin jogou seu cabelo. "Mate ele, Justin!" ela disse. "Isso não vai nos dizer nada."
Justin levantou sua mão, e (Seu Nome) viu uma clara luz brilhar da faca que ele estava segurando. Aquilo era estranhamente translúcido, a lâmina clara como cristal, afiada como caco de vidro, o cabo fixado com pedras vermelhas.
O garoto preso ofegou. "Valentim está de volta!" ele protestou arrastando os laços que prendiam suas mãos atrás de suas costas. "Todo o Mundo Infernal sabe disso - eu sei disso - eu posso dizer a vocês onde ele está..."
Raiva subitamente flutuou nos olhos gelados de Justin. "Pelo Anjo, cada vez que nós capturamos um de vocês bastardos, vocês bastardos, vocês alegam saber onde Valentim está. Bem, nós todos sabemos onde ele está também. Ele está no inferno. E você..." Justin virou a faca em sua mão, a ponta brilhando como uma linha de fogo. "Você pode se juntar a ele lá."
(Seu Nome) não pode mais se segurar. Ela andou para fora do pilar. "Pare!" ela chorou. "Você não pode fazer isso."
Justin girou, tão assustado que a faca voou de sua mão caindo contra o piso de concreto. Caitlin e Alec juntamente se viraram como ele, usando idênticas expressões de espanto. O garoto de cabelo azul segurou em suas amarras, estupefato e boquiaberto.
E foi Alec que falou primeiro. "O que é isso?" Ele demandou, olhando de (Seu Nome) para seus companheiros, como se eles não pudessem saber o que ela estava fazendo ali.
"É uma garota." Justin disse, recobrando sua compostura. "Certamente você já viu uma garota antes, Alec. Sua irmã Caitlin é uma." Ele deu um passo próximo a (Seu Nome), piscando como se ele não pudesse acreditar no que ele estava vendo. "Uma garota mundana..." ele disse, meio que pra si mesmo. "E ela pode nos ver."
"É claro que eu posso ver você!" (Seu Nome) disse. "Eu não sou cega, sabia."
"Ah, mas vocês são," disse Justin, flexionando para pegar sua faca. "Você apenas não sabia disso." Ele se endireitou. "É melhor você sair daqui, se você sabe o que é bom pra você."
"Eu não estou indo para lugar nenhum." (Seu Nome) disse. "Se eu for, vocês vão matar ele." Ela apontou para o garoto com o cabelo azul.
"Isso é verdade." Justin admitiu, girando sua faca entre seus dedos. "O que te importa se eu matar ele ou não?"
"Por-porque..." (Seu Nome) gaguejou. "Você não pode sair por ai matando as pessoas."
"Você está certa," disse Justin. "Nós não podemos sair por ai matando as pessoas." Ele apontou para o garoto com cabelo azul, cujo os olhos estavam estreitos. (Seu Nome) imaginou se ele iria desmaiar. "Aquilo não é uma pessoa, garotinha. Isso pode parecer como uma pessoa, falar como uma pessoa e talvez até falar como uma pessoa. Mas ele é um monstro!"
"Justin," Caitlin disse alertadamente. "Já chega."
"Vocês estão loucos!" (Seu Nome) disse, se afastando dele. "Eu já chamei a polícia, você sabe. Eles estarão aqui a qualquer segundo."
"Ela está mentindo!" Alec disse, mas havia dúvida em seu rosto. "Justin, você..." Ele não terminou a sua frase. Naquele momento o garoto de cabelo azul, com um alto, uivo de choro, rasgou livre do obstáculo que o prendia ao pilar, e arremessou a si mesmo em Justin.
Eles caíram no chão e rolaram juntos, o garoto de cabelo azul rasgando Justin com as mãos que brilhavam como se virassem metal. (Seu Nome) deu um passo para trás, querendo correr, mas os pés dela se prenderam em um laço de fiação e ela caiu, tirando o fôlego de seu peito. Ela podia ouvir Caitlin gritando. Rolando para cima, (Seu Nome) viu o garoto de cabelo azul sentado no peito de Justin. Sangue cintilava da ponta da sua lâmina como garras.
Caitlin e Alec correram em direção a ele. Caitlin brandindo um chicote em sua mão. O garoto de cabelo azul cortava Justin com garras estendidas. Justin jogou o braço para se proteger, das garras recortando ele, espalhando sangue. O garoto de cabelo azul - deu um bote novamente - o chicote de Caitlin veio abaixo atravessando as costas dele. Ele deu um grito agudo e caiu para o lado.
Veloz como uma chibatada do chicote de Caitlin, Justin rolou. Havia uma lâmina reluzindo em sua mão. Ele afundou a faca dentro do peito do garoto de cabelo azul. Um líquido enegrecido explodiu em torno do cabo.
O garoto arqueou no piso, gorgolejando e retorcendo. Com uma careta, Justin se levantou. Sua camisa preta ficou negra agora em alguns lugares, molhada com sangue. Ele olhou para baixo para aquela forma se contraindo a seus pés e puxou a faca. O cabo estava lustroso com o fluído preto.
O garoto de cabelo azul piscou os olhos abertos. Seus olhos, fixados em Justin, pareciam queimar. Entre seus dentes, ele assobiou, "Que assim seja. O desamparado terá todos vocês."
Justin pareceu rosnar. Os olhos do garoto reviraram. Seu corpo começou a estremecer e contorcer enquanto ele se enrugava, dobrando-se sobre si mesmo, decrescendo menor e menor até que ele desapareceu por completo.
(Seu Nome) lutou com seus pés, chutando livre do cabo elétrico. Ela começou a andar para longe. Nenhum deles estava prestando atenção nela. Alec tinha se encontrado com Justin e estava segurando seu braço, puxando a manga, provavelmente tentando dar uma boa olhada no ferimento. (Seu Nome) virou para correr - encontrou seu caminho bloqueado por Caitlin, o chicote em sua mão. O comprimento dourado daquilo estava manchado com líquido preto. Ela chicoteou aquilo em direção a (Seu Nome), e o fio enrolou em si mesmo em torno de seu pulso e o contraiu apertando.
"Estúpida mundana," Caitlin disse entre os seus dentes. "Você poderia ter feito Justin ter sido morto!"
"Ele é louco," (Seu Nome) disse, tentando empurrar seu pulso de volta. O chicote picando mais fundo em sua pele. "Vocês todos são loucos. O que vocês pensam que são, assassinos vigilantes? A polícia..."
"A polícia não está habitualmente interessada, a menos que você produza um corpo." Justin disse. Embalando o seu braço, ele escolheu seu caminho através dos cabos, andando em direção a (Seu Nome). Alec seguiu atrás dele, seu rosto preso em uma carranca. (Seu Nome) olhou para o local em que o menino tinha desaparecido, e não disse nada. Não havia sequer um traço de sangue, pois nada mostrava que o garoto sequer havia existido. "Eles retornam para suas dimensões quando eles morrem," Justin disse. "No caso de você estar pensando."
"Justin," Alec assobiou. "Tenha cuidado."
Justin balançou seu braço. Um macabro traço de sangue marcando seu rosto. Ele ainda lembrava ela um leão, com seu extenso passo, olhos cor de mel, e aquele tostado cabelo dourado. "Ela pode nos ver, Alec." ele disse. "Ela já sabe demais."
"Então, o que é que você quer que eu faça com ela?" Caitlin demandou.
"Liberte ela." Justin disse quietamente. Caitlin olhou ele com surpresa, quase um olhar de raiva, mas não discutiu. O chicote deslizou para longe, libertando o braço de (Seu Nome). Ela friccionou seu pulso dolorido e imaginou que diabos ela faria para sair de lá.
"Talvez nós devêssemos trazer ela junto com a gente." Alec disse. "Eu aposto que Scooter gostaria de falar com ela."
"De jeito nenhum nós levaremos ela para o Instituto." disse Caitlin. "Ela é uma mundana."
"Ou ela é?" Justin disse suavemente. Seu tom calmo era pior do que a rispidez de Caitlin ou a raiva de Alec. "Você já teve relações com os demônios, garotinha? Andou com os bruxos, conversou com Crianças da Noite (vampiros)? Você tem..."
"Meu nome não é "garotinha"!" (Seu Nome) interrompeu. "E eu não tenho ideia do que você está falando." Não tem? uma voz disse atrás de sua cabeça. Você viu aquele garoto sumir diluído no ar. Justin não é um louco - você apenas quer que ele seja. "Eu não acredito em demônios, ou tanto faz o que você..."
"(Seu Nome)?" Era a voz de Simon. Ela girou ao redor. Ele estava parado na porta da sala de depósito. Um dos musculosos porteiros que estavam estampando as mãos na porta da frente estava próximo dele. "Você está bem?" Ele espiou através da escuridão. "Por que você está aqui sozinha? O que aconteceu com os caras, você sabe, aqueles com as facas?"
(Seu Nome) olhou para ele, então olhou para trás dela, onde Justin, Caitlin e Alec estavam, Justin ainda em sua camiseta ensanguentada com a faca em sua mão. Ele sorriu para ela e soltando um meio-desculpando, meio-zombeteiro dar de ombros. Claramente ele não estava surpreso que nem Simon, nem o porteiro, podiam ver eles. De algum modo nem (Seu Nome). Lentamente, ela se virou de volta da Simon, sabendo que ela tinha de olhar para ele, em pé sozinha em um quarto poeirento de armazenamento, os pés dela emaranhados no plástico brilhante dos cabos de fiação.
"Pensei que eles tinham vindo para cá." disse ela esfarrapadamente. "Mas eu acho que não. Me desculpem." Ela olhou para Simon, cuja expressão tinha mudado de preocupado para embaraçado, para o porteiro, que parecia chateado. "Isso foi um engano."
Atrás dela, Caitlin riu.
[......]
"Eu não acredito nisso!" Simon disse teimosamente enquanto (Seu Nome) parada no meio fio, tentava desesperadamente chamar um táxi. Limpadores de rua tinham passado pela viela enquanto eles estavam dentro do clube, e a rua estava brilhando preta com água oleosa.
"Eu sei." ela concordou. "Pensei que aqui teria táxis. Onde alguém iria à meia-noite em um Domingo?" Ela deu as costas para ele, balançando. "Você acha que teríamos mais sorte em Houston?"
"Não o táxi," Simon disse. "Você... Eu não acredito em você. Eu não acredito que aqueles caras com facas simplesmente desapareceram."
(Seu Nome) suspirou. "Talvez não tinha nenhum cara com facas, Simon. Talvez eu tenha imaginado a coisa toda."
"Sai fora." Simon levantou sua mão acima de sua cabeça, mas o próximo táxi passou zumbindo, espirrando água suja. "Eu vi a sua cara quando eu entrei na sala do depósito. Você parecia seriamente fora de si, como se você tivesse visto um fantasma."
(Seu Nome) pensou em Justin com seus olhos de leão. Ela olhou para seu pulso, enrolado por uma fina linha vermelha onde o chicote de Caitlin tinha se enroscado. Não, não um fantasma, ela pensou. Alguma coisa mais estranha que aquilo.
"Foi apenas um engano." ela disse, secamente. Ela se perguntou porque ela não estava dizendo a ele a verdade. Exceto, é claro, que ele iria pensar que ela era maluca. E aquilo era algo que tinha acontecido - alguma coisa sobre o sangue negro borbulhando ao redor da faca de Justin, alguma coisa naquela sua voz quando ele disse Você tem falado com as Crianças da Noite?... aquilo ela precisava manter para ela mesma.
"Bom, aquilo foi um inferno de um embaraçoso engano." Simon disse. Ele olhou de volta para o clube, onde uma fila ainda serpenteava na porta a meio caminho da quadra. "Eu duvido que eles irão deixar a gente entrar de volta no Pandemonium."
"Por que você se importa? Você odeia o Pandemonium!" (Seu Nome) levantou sua mão de novo para uma forma amarela veloz em direção a eles através do nevoeiro. Dessa vez, entretanto, o táxi freou para um parar em seu canto, o motorista descansando em seu volante como se ele precisasse ganhar sua atenção.
"Finalmente tivemos sorte!"Simon se empurrou para a porta aberta do táxi e deslizou dentro dos bancos cobertos de plástico. (Seu Nome) seguiu ele, inalando o familiar cheiro de táxi de Nova York, de fumaça de cigarro, o couro e spray de cabelo. "Estamos indo para o Brooklin." Simon disse para o taxista, e então ele virou para (Seu Nome). "Olha, você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?"
(Seu Nome) hesitou por um momento, então concordou. "Claro, Simon." ela disse. "Eu sei que eu posso."
Ela bateu a porta do táxi e fechou atrás dela, e o táxi arrancou dentro da noite.
Hey babies! Como estão?? Bom, eu estou ótima! hahaha
Enfim, aqui está o 1º capítulo de Cidade dos Ossos... postei esse pra saber se vocês vão querer que eu poste essa história também ou se vocês querem que eu continue só com CTC...
Espero mesmo que gostem, pois eu AMO essa história!
xx @GislaineCollins
(Seu Nome) suspirou. "Talvez não tinha nenhum cara com facas, Simon. Talvez eu tenha imaginado a coisa toda."
"Sai fora." Simon levantou sua mão acima de sua cabeça, mas o próximo táxi passou zumbindo, espirrando água suja. "Eu vi a sua cara quando eu entrei na sala do depósito. Você parecia seriamente fora de si, como se você tivesse visto um fantasma."
(Seu Nome) pensou em Justin com seus olhos de leão. Ela olhou para seu pulso, enrolado por uma fina linha vermelha onde o chicote de Caitlin tinha se enroscado. Não, não um fantasma, ela pensou. Alguma coisa mais estranha que aquilo.
"Foi apenas um engano." ela disse, secamente. Ela se perguntou porque ela não estava dizendo a ele a verdade. Exceto, é claro, que ele iria pensar que ela era maluca. E aquilo era algo que tinha acontecido - alguma coisa sobre o sangue negro borbulhando ao redor da faca de Justin, alguma coisa naquela sua voz quando ele disse Você tem falado com as Crianças da Noite?... aquilo ela precisava manter para ela mesma.
"Bom, aquilo foi um inferno de um embaraçoso engano." Simon disse. Ele olhou de volta para o clube, onde uma fila ainda serpenteava na porta a meio caminho da quadra. "Eu duvido que eles irão deixar a gente entrar de volta no Pandemonium."
"Por que você se importa? Você odeia o Pandemonium!" (Seu Nome) levantou sua mão de novo para uma forma amarela veloz em direção a eles através do nevoeiro. Dessa vez, entretanto, o táxi freou para um parar em seu canto, o motorista descansando em seu volante como se ele precisasse ganhar sua atenção.
"Finalmente tivemos sorte!"Simon se empurrou para a porta aberta do táxi e deslizou dentro dos bancos cobertos de plástico. (Seu Nome) seguiu ele, inalando o familiar cheiro de táxi de Nova York, de fumaça de cigarro, o couro e spray de cabelo. "Estamos indo para o Brooklin." Simon disse para o taxista, e então ele virou para (Seu Nome). "Olha, você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?"
(Seu Nome) hesitou por um momento, então concordou. "Claro, Simon." ela disse. "Eu sei que eu posso."
Ela bateu a porta do táxi e fechou atrás dela, e o táxi arrancou dentro da noite.
Hey babies! Como estão?? Bom, eu estou ótima! hahaha
Enfim, aqui está o 1º capítulo de Cidade dos Ossos... postei esse pra saber se vocês vão querer que eu poste essa história também ou se vocês querem que eu continue só com CTC...
Espero mesmo que gostem, pois eu AMO essa história!
xx @GislaineCollins
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiramei continua
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