domingo, 5 de maio de 2013

Cinquenta Tons de Cinza - 3º Capítulo





       — Entendo. — ele simplesmente diz. Eu penso ver um fantasma de um sorriso em sua expressão, mas eu não estou certa. — Você gostaria de se sentar? — Ele acena em direção a um sofá de couro branco em forma de L.
       Seu escritório é muito grande para um homem só. Na frente das janelas que vão do chão ao teto, há uma enorme escrivaninha moderna de madeira escura, que seis pessoas poderiam comer confortavelmente ao redor. Combinando a mesa de café com o sofá. Todo o resto é branco, teto, pisos e paredes, exceto, a parede perto da porta, onde estava um mosaico pendurado de pequenas pinturas, trinta e seis delas dispostas em um quadrado. Elas são primorosas, uma série de objetos mundanos esquecidos, pintados com tal detalhe preciso que eles parecem com fotografias. Exibidos juntos, eles são de tirar o fôlego.
       — Um artista local. Trouton. — Bieber diz quando ele pega meu olhar.
       — Elas são adoráveis. Elevando o ordinário para o extraordinário, — eu murmuro distraída, tanto por ele como pelas pinturas. Ele vira sua cabeça para um lado e me fixa atentamente.
       — Eu concordo plenamente, Srta. Steele. — ele responde, sua voz suave e por alguma razão inexplicável eu me encontro corando.
       Além das pinturas, o resto do escritório era frio, limpo e clínico. Eu me pergunto se isto reflete a personalidade do Adônis, que afunda graciosamente em uma das cadeiras de couro branco á minha frente. Eu agito minha cabeça, transtornada com a direção de meus pensamentos, e recupero as perguntas de Kate da minha mochila. Em seguida, eu instalo o mini gravador e sou toda dedos e polegares, o deixando cair uma segunda vez na mesa de café à minha frente. O Sr. Bieber não diz nada, esperando pacientemente “eu espero” enquanto eu me torno cada vez mais envergonhada e frustrada. Quando eu tomo coragem para olhá-lo, ele está me observando, uma mão relaxada em seu colo e a outra embaixo de seu queixo e arrastando o seu longo dedo indicador através de seus lábios. Eu acho que ele está tentando conter um sorriso.
       — D-Desculpe-me. — eu gaguejo. — Eu não estou acostumada a isso.
       — Leve o tempo que você precisar, Srta Steele. — ele diz.
       — Você se importa se eu gravar suas respostas?
       — Depois que você teve tantas dificuldades para instalar o gravador, agora que você me pergunta? — eu coro. Ele está tirando sarro de mim? Eu espero. Eu pisco para ele, sem saber o que dizer, e acho que ele fica com pena de mim porque ele cede. — Não, eu não me importo.
       — Será que Kate, eu quero dizer, a Srta. Kavanagh, explicou para o que é a entrevista?
       — Sim. Para aparecer na edição de graduação do jornal estudantil quando eu outorgar o diploma na cerimônia de graduação deste ano.
       Oh! Isto é novidade para mim, e eu estou temporariamente preocupada pelo pensamento de que alguém não muito mais velho do que eu, ok, talvez uns seis anos mais ou menos, e ok, mega- bem sucedido, mas, ainda assim, vai me apresentar em minha licenciatura. Eu franzo a testa, arrastando minha teimosa atenção de volta à tarefa à mão.
       — Bem... — eu engulo nervosamente. — Eu tenho algumas perguntas, Sr. Bieber. — Eu aliso um cacho perdido de cabelo atrás de minha orelha.
       — Eu achei que você teria. — ele diz, impassível. Ele está rindo de mim. Minhas bochechas esquentam com a percepção, e eu me sento reta e enquadro meus ombros em uma tentativa de parecer mais alta e mais intimidante. Apertando o botão iniciar do gravador, eu tento parecer profissional.
       — Você é muito jovem para ter acumulado tal império. Há que você deve seu sucesso? — Eu olho para ele. Seu sorriso é arrependido, mas ele parece vagamente desapontado.
       — Negócios é tudo sobre pessoas, Srta. Steele e eu sou muito bom em julgar as pessoas. Eu sei como elas marcam, o que as faz florescer, o que não faz, o que as inspira, e como incentivá-las. Eu emprego um time excepcional, e eu os recompenso bem. — Ele pausa e me fixa com seu olhar cor-de-mel. — Minha convicção é de alcançar o sucesso em qualquer esquema, alguém tem que se fazer mestre deste esquema, conhecê-lo de dentro para fora, saber todos os detalhes. Eu trabalho duro, muito duro para fazer isto. Eu tomo decisões baseadas em lógica e fatos. Eu tenho um instinto natural que pode localizar e nutrir uma boa ideia sólida e boas pessoas. O resultado final é sempre estabelecido para as boas pessoas.
       — Talvez você seja apenas sortudo. — Isto não está na lista de Kate, mas ele é tão arrogante. Seus olhos chamejam momentaneamente em surpresa.
       — Eu não acredito em sorte ou azar, Srta. Steele. Quanto mais duro eu trabalho mais sorte eu pareço ter. Realmente é tudo sobre ter as pessoas certas em seu time e dirigindo suas energias neste sentido. Eu acho que foi Harvey Firestone quem disse “o crescimento e desenvolvimento das pessoas é a maior vocação de liderança."
       — Você soa como um maníaco por controle. — As palavras saíram de minha boca antes que eu possa detê-las.
       — Oh, eu exerço controle em todas as coisas, Srta. Steele, — ele diz sem rastro de humor em seu sorriso. Eu olho para ele, e ele segura o meu olhar continuamente, impassível. Meu batimento cardíaco acelera, e meu rosto fica corado novamente.
       Por que ele tem tal efeito irritante sobre mim? Sua beleza opressiva talvez? O modo como seus olhos brilham para mim? O modo como ele acaricia com o dedo indicador seu lábio inferior? Eu gostaria que ele parasse de fazer isto.
       — Além disso, o imenso poder é adquirido assegurando-se em seus devaneios secretos, que você nasceu para controlar as coisas. — ele continua, sua voz suave.
       — Você sente que tem imenso poder? — Maníaco por controle.
       — Eu emprego mais de quarenta mil pessoas, Srta. Steele. Isso me dá certo sentido de responsabilidade.... poder, se assim prefere. Se decidisse que já não me interesso mais pelos negócios de telecomunicações e vendesse tudo, vinte mil pessoas teriam grandes dificuldades em pagar suas hipotecas no final do mês então.
    Minha boca abriu. Eu estou espantada pela sua falta de humildade.
       — Você não tem um conselho ao qual responder? — Eu pergunto, repugnada.
       — Eu possuo a minha empresa. Eu não tenho que responder para um conselho. — Ele levanta uma sobrancelha para mim.
    Eu ruborizo. Claro, eu saberia disto se eu tivesse feito alguma pesquisa. Mas puta merda, ele é tão arrogante. Eu mudo de rumo.
       — E você tem algum interesse fora de seu trabalho?
       — Eu tenho interesses variados, Srta. Steele. — A sombra de um sorriso toca seus lábios. — Muito variado. — E por alguma razão, eu estou confusa e inflamada por seu olhar firme. Seus olhos estão iluminados com algum pensamento mau.
       — Mas se você trabalha tão duro, o que você faz para relaxar?
       — Relaxar? — Ele sorri, revelando dentes brancos perfeitos.
    Eu paro de respirar. Ele realmente é lindo. Ninguém devia ser tão bonito.
       — Bem, para “relaxar” como você diz, eu velejo, eu vôo, eu desfruto de várias atividades físicas. —
ele desloca-se em sua cadeira. — Eu sou um homem muito rico, Srta. Steele e tenho passatempos caros e absorventes.
    Eu olho depressa as perguntas de Kate, querendo sair deste assunto.
       — Você investe em fabricação. Por que, especificamente? — Eu pergunto. Por que ele me faz tão desconfortável?
       — Eu gosto de construir coisas. Eu gosto de saber como as coisas funcionam: o que torna as coisas marcantes, como construir e destruir. E eu tenho um amor por navios. O que eu posso dizer?
       — Isso soa como seu coração falando, em lugar da lógica e fatos.
    Ele faz trejeitos com a boca, e olha de forma avaliadora para mim.
       — Possivelmente. Embora existem pessoas que diriam que eu não tenho coração.
       — Por que eles diriam isto?
       — Porque eles me conhecem bem. — Seu lábio enrola em um sorriso irônico.



Continuuuuuuua...

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